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O Japão entre Linhas e Telas: Interfaces entre cinema e literatura

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Fascinação. Talvez seja esta a palavra mais adequada para expressar o sentimento que o Japão desperta a quem, física ou mentalmente, dele se aproxima. Foi Marco Polo quem apresentou o arquipélago ao mundo ocidental pelo epíteto eivado de carisma – Zipang, “terra do sol nascente”, mesmo sem ter pisado em solo japonês. Navegadores portugueses interessados em especiarias foram os primeiros que ali aportaram, mais de duzentos anos depois do viajante veneziano, mas também movidos pelo fascínio do inteiramente Outro, o Japão, desde sempre inefável aos olhos de seus visitantes.
Fascinante se mostra o cinema japonês, construtor de uma história particular, tributário da paisagem enevoada que representa seu território. O Japão visto nas telas de cinema extasia o mundo, por aquilo que mostra e ao mesmo tempo se esquiva à compreensão do espectador não tradicional, ocidental, adaptado ao feerismo do star system. Ali se mesclam uma tradição milenar e a voragem futurista, a quietude filosófica e a agitação urbana, os gestos modestos e o arrojo intelectual, contrastes nuançados pela familiaridade ancestral com a sombra – signo do próprio cinema e do japonês, em particular.
A constelação de cineastas estudados ao longo dos seis ensaios reunidos sob o título O Japão entre Linhas e Telas inclui sete nomes, aqui ordenada pelo ano de nascimento: Shirō Toyoda (1906-1977), Hideo Ōba (1910-1997), Masumura Yasuzō (1924-1986), Martin Scorcese – único estrangeiro (1942), Yōjiro Takita (1955) e Tetsuya Nakashima (1959). Duas particularidades de pronto sobressaem: a primeira, o fato de o elenco recobrir praticamente todo o século XX, sendo que três cineastas continuam em plena atividade; a segunda, que o prolífico escritor Mishima figura neste rol, por ter atuado e mesmo dirigido um filme, o que demonstra a amplitude de questões e a diversidade de abordagens a que as investigações levaram seus investigadores.
Quanto aos escritores cujas obras foram levadas a tratamento fílmico, são sete: Yasunari Kawabata (1899-1972), uma celebridade literária do Japão, merecedor do Prêmio Nobel de 1968 e autor de uma obra emblemática, Yukiguni, O País das Neves (no Brasil) ou Terra de
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Neve (em Portugal), transmidializada para o cinema por alguns cineastas, dentre os quais dois encontram-se em confronto, no ensaio de Neide Nagae.
Yukio Mishima (1925-1970), mundialmente reconhecido como expoente da literatura japonesa, é reapresentado por Monica Setuyo Okamoto e Pedro Tinen, que discutem as intervenções deste multitalentoso agente cultural japonês. Janete Oliveira lida com o menos conhecido e menos literário dos escritores aqui elencados, Shinmon Aoki (1937), um poeta que deve às suas memórias a notoriedade e o Oscar 2009 de Melhor Filme Estrangeiro para Takita, assim como certo ostracismo, pelos segredos do mundo da tanatopraxia que ele fez que chegassem às telas.
Jun’ichirō Tanizaki (1886-1965) não assistiu à versão cinematográfica de seu romance Amor insensato (1967), mas a obra sobrevive em português, agora não apenas na tradução da Companhia das Letras, pois o ensaio de Rafaella Pastana revisita a angústia a um só tempo rústica e delicada do grande escritor e filósofo.
Um ensaio que se peculiariza, no conjunto, é o de Michele Eduarda de Sá, pois aborda a transposição midiática dos conflitos do protagonista apóstata do romance Silêncio, do escritor católico Shūsaku Endō (1913-1996), por uma das vacas sagradas do cinema mundial, Scorsese.
Encerra a antologia o ensaio de Edylene Severiano, que cogita, em outra chave, a indecidibilidade, aqui, da juventude, na adaptação fílmica do romance Confissões (2010) de Kanae Minato (1973), legítimo representante da nova geração de japoneses que mira a voragem do individualismo predatório ocidental, mas resvala sob o peso da tradição coletiva nipônica.
Estimo que este livro tenha o reconhecimento que merece, e que as organizadoras assumam a vocação que nele pulsa, de ensejar uma série. Temas não faltam. Colaboradores também não. As áreas de Letras e Cinema recebem, com esta antologia, uma contribuição inegável, que terá de minha parte e dos devotados ao aperfeiçoamento dos Estudos Literários e Interartes todo o incentivo.
E agora, quem topa um cineminha?

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